sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O QUE ELES TÊM A DIZER



O que tenho a dizer é que ele sempre foi muito respeitador Quando a gente se conheceu , eu trabalhava na farmácia do centro e ele aparecia lá de duas em duas semanas para vender remédio. Eu cuidava da limpeza e do cafezinho dos funcionários e muitas vezes servia para ele também quando estava no escritório com o gerente. Muito educado, falava sempre que estava bom e agradecia.
Nossa primeira conversa mesmo aconteceu quando, na saída dos serviço, caiu uma chuva forte e eu estava esperando passar para ir embora. Ele estava saindo da farmácia e também ficou esperando estiar, para ir até seu carro,que estava do outro lado da praça. Aí, começou uma conversa sobre o tempo, a chuva não parava e ele decidiu pegar o carro assim mesmo.. Eu disse que morava longe, no começo da zona rural, e por isso ia esperarr o tempo firmar; e ele, então, me ofereceu uma carona. Aceitei.
Foi muito respeitoso durante todo o caminho e depois disso, quando aparecia na farmácia, não mudou seu comportamento, me tratando com educação de sempre. Só que a gente passou a trocar mais palavras quando conversava.
Até que em outro dia de chuva, me ofereceu carona e eu disse que não morava mais no lugar de antes. Estava vivendo uns tempos na casa de uma amiga, no centro. Ele não perguntou por que, já ia se despedindo, quando achei que devia dar uma explicação.
Desde minha vinda do nordeste,uns anos atrás, morava com minha irmã mais velha e meu cunhado, na casinha da chácara. Durante este tempo, não tive problemas, mas aí minha irmã morreu. Achei que não ficava bem morar na mesma casa com meu cunhado, mas como não podia mudar, pois meu salário na farmácia não dá para pagar um aluguel, ficou acertado que eu ocuparia o quartinho de tranqueiras dos fundos do quintal.
Depois da morte de minha irmã, meu cunhado ficou esquisito. Deu para beber. A gente, que já não se dava muito, parou de se falar.Era uma situação difícil, mas como não se vivia debaixo do mesmo teto, ia levando. Até que ele cismou de ter alguma coisa comigo. No começo fui desviando, entendendo que aquilo era coisa de bêbedo, até que uma semana atrás ele tentou arrombar a porta do quartinho. Aí eu vi que não dava mais para viver ali e pedi para essa minha amiga do centro me abrigar até encontrar uma solução para minha vida.
Ele ouviu a história, disse que sentia muito , despediu-se e foi embora.Passou quase um mês, apareceu de novo,na hora de minha saída dos serviço, perguntou como estavam as coisas, eu disse que estava preocupada, porque não dava mais para morar de favor. Foi então que ele fez a proposta.
Gostaria de ter um filho comigo. Não imagina como aquilo me assustou. Mas ele falou de um jeito tão natural e era uma pessoa tão respeitosa, que não tive como me zangar. Fiz foi rir. Como é que íamos ter um filho, se nem casados a gente era? Nem namorados? Ele só podia estar brincando.Mas continuou sério e foi direto ao ponto. . Montaria uma casa para mim, eu teria toda assistência durante a gravidez; ele registraria a criança quando nascesse, pagaria pensão, tudo certinho.A coisa mais espantosa da proposta é que eu não precisaria ter compromisso com ele, namoro, essas coisas. O importante era o filho. Eu não precisava responder nada naquela hora. Tinha uns dias para pensar.
Não demorei muito tempo para decidir. Minha vida estava em uma encruzilhada, sem saber para onde ir. Teria uma casa para morar, sustento e um filho de uma pessoa que era gente de bem.E, aqui entre nós, já era mulher madura, cansada de solidão, ele até que era um homem bem apessoado. Para ter um filho tinha que ter intimidade e isso podia levar a um compromisso mais sério, por que não? Eu também não sou de jogar fora.
No encontro seguinte, disse que aceitava.As coisas depois foram muito rápidas. Saí do emprego, ele me alugou uma casa mobiliada, engravidei um mês depois, e a criança já está com quatro anos. Ele registrou o menino, não deixa faltar nada, aparece a cada 15 dias,é apaixonado pelo filho. É verdade que a intimidade que a gente tinha acabou quando fiquei grávida.Não fez nenhuma proposta de compromisso mais sério depois, mas me trata muito bem. Não posso me queixar e o futuro só Deus sabe.



O que tenho a dizer é que ele era um homem bom.Caseiro,trabalhador, religioso. Nunca deixou de prover a casa e jamais senti falta dos carinhos que uma mulher precisa. Conhecemo-nos na igreja que freqüentávamos. Ele parecia ser uma pessoa carente e , quando me contou sua história,foi fácil entender porquê. Ainda bebê, foi abandonado na porta de uma casa e adotado pela mulher que morava ali, uma solteirona, sem nenhum parente . Quando ele tinha 25 anos, ela faleceu , deixando-o sozinho no mundo outra vez. Se não tinha referências do passado, agora estava sem a única referência do presente. Sua família passou a ser o pessoal da igreja, que, desde garoto, freqüentava , levado pela mãe adotiva. Uma história que me enterneceu. Daí para uma aproximação maior não demorou muito.Apaixonamo-nos e tenho certeza de que nosso casamento representou, para ele, muito mais do que a união entre um homem e uma mulher. Significou a conquista de uma nova família. .
Trabalhava como representante de laboratório, vendendo remédios para farmácias, clínicas e hospitais. Além do salário, ganhava comissões por vendas e isso nos permitia um bom padrão de vida. Tínhamos casa própria, carro, móveis novos, aparelho de dvd, microondas, tv de cristal líquido, computador, essas coisas que dão conforto para um lar Passava a maior parte do tempo viajando, mas, aos sábados e domingos, sua presença em casa era sagrada. Por mim e pela igreja, dizia.
Nossa felicidade estes oito anos só não foi completa porque nunca pude ter filhos. Fiz todo tipo de exame, segui mil conselhos, mas nada adiantou. Nossa religião não permite que a gente utilize métodos antinaturais para a concepção, como a inseminação artificial. A idéia de adotar uma criança sempre foi descartada. Eu, porque nunca gostei mesmo nisso; ele, porque não queria ver repetida, em outra criança, sua própria história . Resignamo-nos a ser um casal sem filhos.
Imagine, então, minha decepção e tristeza ao descobrir que ele tinha outra mulher e que, com ela, tivera um filho.Dor maior só quando minha mãe morreu, cinco anos atrás.Soube da traição por uma amiga, que tinha parentes em uma das cidades para onde ele viajava regularmente, a serviço. A mulher era de lá.. Ele a sustentava, e ao filho.
Quando o interroguei sobre o assunto, na esperança de que negasse pelo menos uma parte da história, ele confirmou tudo. Foi como uma punhalada em meu coração. Minha dor transformou-se em raiva porque, apesar da traição comprovada, da evidência de que não me amava, ele disse que não havia me enganado. Que fora fiel, continuava amando-me como antes e continuaria a me querer sempre. Pode haver maior cinismo? Ou loucura? Impossibilitada de crer em uma coisa dessas, pedi que saísse de casa . Agora, só estou esperando encerrar o processo de divórcio para vender tudo e ir embora daqui. Desde que nos separamos, nunca mais o vi, nem falei com ele. Nossos contatos são apenas por meio dos advogados.



O que tenho a dizer é que sempre amei minha esposa, sempre amarei, nunca a traí e nunca a trairei. Zelo por meu amor e cumpro a lei de Deus, que não permite o adultério. Um homem não pode entregar-se por prazer a outra mulher que não seja sua esposa, e eu nunca fiz isso porque sempre vivi e viverei de acordo com as leis de Deus.
E para não me desviar do verdadeiro caminho, das verdades bíblicas que me são palavras de ordem, também não poderia descumprir a determinação do Genesis, crescei e multiplicai-vos. Sou o exemplo vivo de que meus pais, a quem não conheci, cumpriram sua parte. Cabe a mim dar continuidade, de modo natural, à geração que prosseguiu com eles , vinda de seus antepassados, desde o Paraíso de Adão e Eva.
Não pode haver obstáculos para o cumprimento das leis de Deus. Se à sua mulher foi negada o dom da fecundação, nada impede que procure em outra o solo fértil para sua semente. Mas, lembrai-vos: o prazer, que é a fonte da traição, não deve se fazer presente, maculando suas intenções e, o que é pior, transgredindo seus princípios e afetos.
Por isso, o que tenho a dizer é que tudo o que fiz foi cumprir lei de Deus sem trair as leis do meu coração.



O que tenho a dizer é que, depois de termos fechado o motel, onde os clientes eram filmados sem saber, durante as relações sexuais, recolhi dezenas de discos com as gravações. Assisti a todas para depois classificá-las como peças do inquérito policial. Em meio a todas aquelas gravações, repetitivas ( sexo, realmente, não é coisa que tenha muitas variações), algumas chamaram-me a atenção. De tal forma que separei-as das demais e levei-as para casa. Não iam fazer falta na montagem do inquérito e era uma coisa, realmente, muito esquisita.
Essas gravações ocorriam a cada 15 dias, às sextas-feiras, à tarde e com o mesmo casal. Foram feitas três gravações, em que a mesma cena se repetia: a mulher, despida só da cintura para baixo, deitava-se na cama, de pernas abertas. O homem arriava as calças até os jelhos, sentava-se à beira da cama, e começava a se masturbar. De repente, deitava sobre a mulher, quase num pulo, penetrava e gozava, saindo imediatamente . A mulher permanecia alguns minutos deitada, enquanto ele se arrumava. Depois, ela ia ao banheiro, retornava já vestida e os dois iam embora.
Uma relação totalmente desprovida de prazer, é o que eu tenho a dizer.